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Veterinários, especialistas e moradores defendem permanência do elefante Sandro no Zoológico de Sorocaba

O elefante Sandro está no centro de um embate judicial e emocional. Veterinários, biólogos e moradores se mobilizam para mantê-lo no zoológico de Sorocaba.

O futuro do elefante Sandro, símbolo do Zoológico Municipal Quinzinho de Barros, em Sorocaba, tornou-se motivo de mobilização entre especialistas em fauna silvestre e a comunidade local. Na tarde de quarta-feira (16), dezenas de pessoas, incluindo veterinários, biólogos e moradores da região, se reuniram diante do recinto do animal, com cartazes e palavras de apoio, a fim de demonstrar o desejo coletivo de que o elefante permaneça na cidade.

Atualmente, Sandro é alvo de uma disputa judicial que pode determinar sua transferência para um santuário em outra região do país. No entanto, para muitos, a mudança representa risco ao bem-estar de um animal já idoso e acostumado ao local onde vive há mais de quatro décadas.

Especialistas alertam sobre riscos de remover o elefante de seu ambiente atual

Um dos nomes mais expressivos presentes na mobilização foi o do biólogo Henrique Abrahão Charles, com mais de 1,6 milhão de seguidores nas redes sociais e integrante do movimento “Fica Sandro”. Ele argumenta que, em virtude da idade avançada do animal e das condições de saúde, transferi-lo poderia acarretar sofrimento desnecessário.

“Colocá-lo em um caminhão por dois dias é um ato de crueldade. Ele já tem cuidados específicos aqui, como alimentação adaptada e tratamento oftalmológico diário. Não há justificativa técnica para essa remoção”, afirmou Henrique.

De acordo com ele, Sandro é um dos maiores elefantes que já viu em zoológicos do mundo, em ótimo estado de saúde, o que demonstra que os cuidados oferecidos localmente são adequados.

Ambientalistas reforçam críticas à possível transferência de Sandro

O especialista em fauna exótica Wagner Ávila, diretor da Federação Brasileira dos Adestradores de Animais (FBAA), também se posicionou firmemente contra a transferência. Segundo ele, o discurso de “libertar” Sandro não se sustenta, já que o animal não voltará à natureza.

“Falar em libertar o Sandro é ilusão. O habitat dele seria a Índia. Levar ele para o Cerrado e dizer que será ‘livre’ é, na verdade, marketing puro”, disparou.

Ele elogiou a qualidade da equipe técnica do Zoológico de Sorocaba, enfatizando que profissionais com décadas de experiência cuidam do animal diariamente, garantindo seu conforto e segurança.

Veterinários locais também defendem permanência e criticam o modelo do santuário

O médico-veterinário Guilherme César, atuante em Sorocaba, defende que o santuário proposto tem como função abrigar animais resgatados de situações de maus-tratos, o que não se aplica ao caso de Sandro.

“Ele é bem cuidado e nunca foi vítima de negligência. O santuário é indicado para outros perfis de animais”, explicou Guilherme.

Moradores expressam carinho e preocupação com o elefante Sandro

Além dos especialistas, a população também compareceu para demonstrar apoio. A enfermeira Mara Machado, de 40 anos, foi ao zoológico acompanhada da família. Para ela, tirar Sandro do local seria um grande erro.

“Ele sempre viveu aqui. Retirá-lo agora só vai deixá-lo mais triste. Ele faz parte da história do zoológico e da cidade”, afirmou emocionada.

A aposentada Cícera Maria Temóteo Monteiro, de 65 anos, que vive em Itu há 15 anos, também defendeu a permanência do animal. “A gente vem ver os bichos, mas o Sandro é especial. Ele já mora aqui, pra quê mexer?”, questionou.

Câmara de Sorocaba se envolve na discussão e promove escuta técnica

O debate ganhou espaço também na Câmara Municipal. O vereador Alexandre da Horta (Solidariedade) convidou os biólogos e especialistas para uma visita ao zoológico, com o propósito de ouvir argumentos técnicos sobre a viabilidade da permanência de Sandro.

Segundo ele, o transporte do elefante seria extremamente desgastante, uma vez que o animal já está com idade avançada, sofre de artrose e depende de alimentação triturada e cuidados especiais.

Por outro lado, a vereadora Jussara Fernandes (Republicanos) defende que a transferência seja feita, uma vez que há uma sentença judicial determinando a mudança.

“O processo já tem mais de três anos. O juiz analisou provas de ambas as partes e determinou o que entendeu ser o melhor para o animal. Como cidadã, acredito que devemos respeitar a decisão”, declarou Jussara.

Entenda o que diz o Ministério Público e a Justiça

O Ministério Público de Sorocaba, por meio da Promotoria do Meio Ambiente, informou que a ação civil pública foi fundamentada em laudos de especialistas que apontaram que o zoológico não é um ambiente adequado para manter o elefante.

Ainda segundo o órgão, o Santuário de Elefantes Brasil oferece um espaço mais amplo, silencioso e natural, ideal para animais de grande porte e com idade avançada. A Justiça julgou a ação favorável à transferência, e a Prefeitura, por sua vez, já declarou que vai recorrer da decisão.

Prefeitura de Sorocaba informa que melhorias estão em andamento

A Prefeitura de Sorocaba, por meio da Secretaria do Meio Ambiente (Sema), divulgou que já implementou mudanças no recinto de Sandro. Entre elas, a construção de um brete, estrutura essencial para o manejo seguro do elefante e para procedimentos veterinários.

“Nosso compromisso é continuar realizando melhorias no ambiente em que Sandro vive, a fim de assegurar ainda mais conforto e bem-estar ao animal”, informou a nota da Prefeitura.

Em resumo: o futuro de Sandro ainda está indefinido

Enquanto o processo judicial segue em andamento, cresce o apoio popular e técnico para que Sandro permaneça em Sorocaba. Contudo, a decisão final dependerá da Justiça. A cidade se vê dividida entre o cumprimento de uma sentença e o desejo coletivo de proteger a saúde emocional e física de um elefante que já é parte da história do município.

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