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Prefeito de Sorocaba é afastado do cargo após operação da PF que investiga contratos na saúde

Prefeito de Sorocaba é afastado após operação da PF investigar suposta corrupção em contratos da saúde com organização social.

O prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), foi oficialmente afastado do cargo nesta quinta-feira (6) em meio a uma operação da Polícia Federal (PF) que apura possíveis irregularidades em contratos firmados na área da saúde.

A informação foi confirmada pelo próprio gestor em um vídeo publicado em suas redes sociais, no qual ele declarou ter sido surpreendido pela decisão. “Acreditem se quiser, me afastaram do cargo de prefeito”, afirmou Manga, alegando perseguição política e mencionando recentes visitas que realizou em Brasília.

Segundo ele, o afastamento teria ocorrido um dia após participar de reuniões no Congresso Nacional e no Palácio da Justiça, onde defendeu maior atuação das Forças Armadas. Em suas palavras, “um dia depois de eu estar em frente ao Palácio da Justiça, pedindo para colocar o Exército na rua, me afastaram”.

Vice-prefeito assume a gestão municipal temporariamente

A Prefeitura de Sorocaba divulgou uma nota oficial informando que o vice-prefeito Fernando Martins da Costa Neto assumiu interinamente o comando do Executivo municipal até que os fatos sejam totalmente esclarecidos.

De acordo com o comunicado, o objetivo é garantir a continuidade dos serviços públicos essenciais e assegurar o funcionamento regular da Administração Municipal, mesmo com o afastamento do prefeito.

A gestão reforçou ainda que colabora com as autoridades e que confia na transparência dos processos administrativos conduzidos pelo município.

Operação da Polícia Federal investiga contratos na saúde

Na manhã desta quinta-feira, a Polícia Federal deflagrou uma nova fase da Operação “Copia e Cola”, voltada à investigação de contratos emergenciais e convênios firmados entre a Prefeitura e uma organização social sem fins lucrativos responsável pela gestão de unidades de saúde.

Os agentes federais cumpriram sete mandados de busca e apreensão e dois de prisão preventiva, expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3).

Conforme informações divulgadas pela PF, as ações visam coletar provas sobre possíveis desvios de recursos públicos, supostas fraudes em licitações e a formação de uma rede de favorecimento envolvendo gestores públicos e representantes da organização contratada.

Valores bloqueados e medidas cautelares impostas

Além das prisões, a Justiça determinou o bloqueio e sequestro de aproximadamente R$ 6,5 milhões em bens de alguns investigados, com o intuito de impedir a movimentação de valores que possam ter origem ilícita.

Foram aplicadas ainda medidas cautelares, como suspensão do exercício de cargos públicos e proibição de contato entre os investigados, a fim de evitar interferências nas investigações.

A Polícia Federal afirmou que os envolvidos poderão responder por crimes como corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitação, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa.

Essas condutas, segundo o órgão, representam graves violações à gestão pública e ao uso adequado de recursos destinados à saúde, setor que exige máxima transparência por lidar diretamente com o bem-estar da população.

Entenda a operação “Copia e Cola”

A Operação Copia e Cola teve sua primeira fase deflagrada em abril de 2025, também pela Polícia Federal. Na ocasião, o prefeito Rodrigo Manga foi um dos alvos das investigações, o que já havia gerado grande repercussão regional e nacional.

O nome da operação faz referência a semelhanças detectadas em contratos e processos de licitação que, segundo os investigadores, repetiam irregularidades de gestões anteriores, com indícios de documentos padronizados e favorecimento indevido.

De acordo com a PF, as análises iniciais revelaram fortes evidências de superfaturamento e repasses sem comprovação de serviços efetivamente prestados, especialmente em unidades básicas de saúde e programas emergenciais durante a pandemia.

Defesa de Rodrigo Manga alega perseguição política

Em sua manifestação nas redes sociais, o prefeito afastado de Sorocaba alegou ser vítima de perseguição política, destacando que o afastamento teria relação com seu crescimento de visibilidade nacional e possível candidatura a outros cargos.

“Ontem estive em Brasília, fui recebido por vários deputados, e muitos disseram que estão tentando me tirar do jogo porque eu tenho me destacado”, declarou.

Manga também afirmou que continuará defendendo sua inocência e que acredita na justiça e na transparência das investigações. Segundo ele, “os que me conhecem sabem do meu compromisso com Sorocaba e com o povo que me elegeu”.

Repercussão entre lideranças e na população

O afastamento do prefeito de Sorocaba repercutiu amplamente nas redes sociais e entre líderes políticos da região.

Enquanto apoiadores de Manga afirmam que ele está sendo vítima de uma tentativa de desestabilização política, opositores consideram a ação da PF um passo necessário para garantir a lisura na aplicação de recursos públicos.

Moradores da cidade também se manifestaram, expressando preocupação com os impactos administrativos que o afastamento pode gerar. Muitos destacaram a necessidade de investigações rápidas e imparciais, a fim de preservar a imagem da cidade e a continuidade dos serviços de saúde.

Histórico de popularidade e desafios recentes

Rodrigo Manga ganhou notoriedade nacional por sua presença ativa nas redes sociais, onde costuma compartilhar vídeos curtos mostrando ações da prefeitura e programas municipais.

Sua popularidade digital o transformou em uma das figuras mais conhecidas da política local, principalmente por adotar uma comunicação direta com a população.

Contudo, os últimos meses foram marcados por desafios, entre eles críticas à condução de contratos emergenciais, investigações de órgãos de controle e tensões com vereadores da Câmara Municipal.

A soma desses fatores, segundo analistas, pode ter contribuído para o cenário atual de instabilidade política na cidade.

Impactos e próximos passos

Com o afastamento de Manga, o vice-prefeito Fernando Martins da Costa Neto assume a responsabilidade de garantir a continuidade da gestão municipal, enquanto a Justiça Federal e a Polícia Federal seguem aprofundando as investigações.

Em princípio, o afastamento é temporário, podendo ser reavaliado conforme o andamento do inquérito e as decisões judiciais subsequentes.

Por conseguinte, o futuro político de Rodrigo Manga dependerá do desdobramento das apurações e da comprovação ou não das acusações.

Especialistas em direito público ressaltam que casos dessa natureza exigem prudência, pois envolvem questões sensíveis de interesse coletivo e responsabilidade administrativa.

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