
O parto realizado do bebê que foi abandonado perto de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) de Sorocaba, foi feito por uma pessoa capacitada, de acordo com a Polícia Civil.
Segundo o delegado responsável pelas investigações, Acácio Leite, o cordão umbilical da criança estava cortado no tamanho correto.
“Não tinha aquela presilhinha chamada ‘clamp’, então isso nos leva a crer que não nasceu em estabelecimento hospitalar. Mas, nasceu pelas mãos de alguém que tem conhecimento da causa, porque o cordão foi cortado do tamanho correto, foi amarrado com fitilho e amarrado corretamente, isso dito por médicos, pelo pessoal que atendeu”, afirmou.
A criança foi encontrada no dia 3 de abril e levada até a Unidade Básica de Saúde (UBS) Lopes de Oliveira, onde recebeu atendimento médico. Ela teve alta no dia 15 dias depois e está sob a guarda de uma família acolhedora até que seja encaminhada para adoção. Todo o processo foi acompanhado pelo Conselho Tutelar.
Inicialmente, a polícia havia informado que a criança tinha sido encontrada em uma caixa de papelão por um morador em situação de rua. No entanto, após analisar mais de 20 horas de gravações, uma nova linha de investigação foi traçada.
De acordo com Acácio, o homem de 40 anos não é um morador em situação de rua e vive na casa da mãe, próximo à UBS onde a criança foi deixada. “Ele recebe benefícios do governo, mas recolhe reciclados. Ele falou à polícia que ‘se vira’, que mora na casa, que não cozinha, então vive de doação de alimentos prontos dos outros e anda pela rua recolhendo reciclados”, explica.
Ainda conforme o delegado, o homem relatou à polícia que levou a criança até a UBS dentro da caixa de papelão, onde ela teria sido encontrada. A versão foi contrariada por testemunhas e a caixa de papelão nunca foi encontrada.
“Para nós, no depoimento, ele fala que pegou a caixa e levou a caixa. Na UBS, ele não levou a caixa. Ele chegou com um carrinho de bebê. A menina chegou lá dentro de um carrinho”, afirma.
No depoimento, o homem informou que havia pedido o carrinho para uma mulher que estava na frente da UBS. O delegado Acácio Leite diz que ele chegou acompanhado dela na unidade e que ela foi embora com o carrinho após a criança ser atendida.
+CONCURSO NACIONAL UNIFICADO: Sorocaba é uma das cidades que terão APLICAÇÃO DA PROVA no domingo (5)
A polícia coletou informações sobre as características dessa mulher e deve fazer um retrato falado para localizá-la. Conforme a explicação do delegado, outra divergência foi constatada: a criança chegou à unidade vestida, com fralda e alimentada.
“O que eu tiro disso tudo? Essa criança não nasceu e foi jogada na rua. Ela não tinha aquela substância branca vernix caseosa, aquela gordura, substância que auxilia no momento da passagem da criança no parto”, inicia.
“No mínimo ela tomou um banho e foi vestida. Isso quer dizer para nós o que? Que ela não nasceu na rua, no mato […] Ela nasceu em um ambiente por alguém que tem conhecimento, nasceu em um ambiente ‘saudável’, tanto é saudável que foi até alimentada”, completa.
Agora, o morador passou a ser investigado pela polícia. Ele nega todas as alegações feitas pelas investigações. “Ele é investigado, ele foi ouvido, não descarto no futuro, inclusive, ele vir a ser indiciado, processado formalmente por esse crime no caso de se apurar algo mais grave – uma fraude, o abandono de incapaz, se tiver alguma relação familiar com a criança, ele pode sim ser indicado mas, por hora, está na condição de investigado”, afirmou o delegado.
Qualquer morador que tenha informações sobre o caso pode contatar a polícia pelo telefone 197 ou 181, ou pela internet.
Relembre o caso do parto
Segundo a prefeitura, o homem chegou à unidade por volta das 17h15 carregando a criança. Ele informou aos funcionários que havia escutado um choro vindo de dentro de uma caixa de papelão.
A bebê passou por atendimento na unidade e foi encaminhada para a Unidade Pré-Hospitalar (UPH) da zona norte, onde foi submetida a exames para avaliar seu estado de saúde.
De acordo com a Polícia Militar, a bebê não apresentava nenhum hematoma ou sinal de violência. O caso foi registrado no Plantão Policial de Sorocaba como abandono de incapaz.