Calor deve permanecer até maio no Brasil, aponta OMM
El Niño continuará impactando o clima global
O El Niño de 2023-2024 atingiu o pico como um dos cinco mais fortes já registrados, com calor acima da média, porém, o fenômeno climático tem enfraquecido.
De acordo com informações da Organização Meteorológica Mundial (OMM), o El Niño continuará impactando o clima global nos próximos meses, alimentando o calor aprisionado pelos gases de efeito estufa das atividades humanas.
Sendo assim, as temperaturas acima do normal são previstas em quase todas as áreas do planeta entre março e maio.
Ainda forme a OMM, há cerca de 60% de chance do El Niño persistir de março a maio e 80% de chance de condições neutras de abril a junho.
El Niño e o calor
O El Niño é um fenômeno natural caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico na sua porção equatorial. Ele ocorre em intervalos irregulares de cinco a sete anos e tem duração média que varia entre um ano a um ano e meio, com início nos últimos meses do ano.
Segundo informações do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), durante o fenômeno, que, normalmente, começa a se formar no segundo semestre do ano, as águas ficam, pelo menos, 0,5°C acima da média por um longo período de tempo de, no mínimo, seis meses.
O El Niño é caracterizado pelo aquecimento anormal e persistente da superfície do Oceano Pacífico na região da Linha do Equador, podendo se estender desde a costa da América do Sul até o meio do Pacífico Equatorial.
Durante a formação do El Niño, o comportamento dos ventos alísios tem papel fundamental. Os alísios são ventos constantes vindos dos Hemisférios Sul e Norte, que se encontram na região da Linha do Equador e seguem do leste para o oeste do planeta Terra.
Normalmente, o movimento dos ventos interfere no Oceano Pacífico e empurra as águas da superfície para o oeste, permitindo que as mais profundas e frias subam. No entanto, quando os ventos alísios estão enfraquecidos ou invertem a direção, essa troca de águas não ocorre e as mais quentes permanecem por mais tempo paradas na superfície, podendo chegar até 3°C ou mais acima da média, formando, assim, o El Niño.
Ele não tem um período de duração definido, podendo persistir até dois anos ou mais.
No Brasil, o fenômeno aumenta o risco de seca na faixa norte das regiões Norte e Nordeste e de grandes volumes de chuva no Sul do País. Isso ocorre porque a água da superfície do Pacífico, que está muito mais quente do que o normal, evapora com mais facilidade. Ou seja, o ar quente sobe para a atmosfera mais alta, levando umidade e formando uma grande quantidade de nuvens carregadas.
Logo, no meio do Oceano Pacífico, chove muito e com frequência durante o El Niño. Durante as chuvas, esse mesmo ar quente, agora mais seco, continua circulando e, dessa vez, desce no norte da América do Sul, inibindo a formação de nuvens e, consequentemente, a ocorrência de chuvas em parte do Norte e Nordeste do Brasil.
Afinal, o ar que provoca a formação de nuvens é aquele que sobe da superfície terrestre para a atmosfera e não o contrário.
Já na Região Sul, o El Niño aumenta a probabilidade de chuvas acima da média porque a circulação dos ventos em grande escala, causada pelo El Niño, também interfere em outro padrão de circulação de ventos na direção norte-sul e essa interferência age como uma barreira, impedindo que as frentes frias, que chegam pelo Hemisfério Sul, avancem pelo País.
Logo, as frentes ficam concentradas por mais tempo na Região Sul do Brasil.